“Nós que vivemos nos campos de concentração podemos lembrar de homens que andavam pelos alojamentos confortando a outros, dando o seu último pedaço de pão. Eles devem ter sido poucos em número, mas ofereceram prova suficiente que tudo pode ser tirado do homem, menos uma coisa: a última das liberdades humanas – escolher sua atitude em qualquer circunstância, escolher o próprio caminho”
O que caracteriza uma vida com propósito? O que difere este tipo de experiência de uma vida vivida sem um conjunto de princípios que norteiam o ser humano, tanto na alegria como na dor?
Pensei muito antes de escrever este artigo e não encontrei exemplo melhor do que a experiência vivida por Viktor Frankl, um médico e psiquiatra austríaco que, em setembro de 1942, juntamente com sua mulher grávida e toda a família, por serem judeus, foram presos e deportados para campos de concentração na Alemanha Nazista.
Durante os anos de prisão, Frankl perdeu sua esposa, filho, irmão, pai e mãe no Holocausto. Foi submetido a condições degradantes e vexatórias e, ainda assim, saiu dessa situação mais forte, pronto para revolucionar a psicanálise com a criação de uma nova escola: a logoterapia.
O que o motivou a suportar todas as atrocidades pelas quais passou? O que o fez desejar sobreviver quando, reduzido a um farrapo humano, podia simplesmente ter desistido?
Frankl responde a estas perguntas em seu livro “Em busca de Sentido”. Ele encontrou uma razão para manter-se vivo e para pautar o resto de sua existência. Decidiu viver para contar ao mundo as atrocidades que se passaram nos campos de concentração, de modo a que não se repetissem.
Foi durante aqueles dias que aprendeu a importância de se ter um propósito na vida, dar a ela um significado, uma razão maior que a si mesmo.
Esta decisão mudou por completo sua experiência nos campos de concentração. Ele passou a ajudar os demais, buscou compreender a causa que está por trás do comportamento humano, se imaginou contribuindo com a humanidade após aquela tragédia.
Quando a pessoa adquire este senso de missão, passa a comandar a visão e os valores que dirigem sua vida. Passa a ter o ponto de partida básico, a partir do qual estabelece suas metas de curto e longo prazo. Pauta sua conduta a partir dos princípios corretos, de modo a servir de padrão à utilização de seu tempo, talento e energia.
Creio que todos podemos refletir sobre nossos talentos e qual seria a melhor forma de criar uma missão pessoal, pautada em princípios e valores que nos guiarão no caminho.
Afinal, há duas formas de passar por esta vida. A primeira está bem representada em um famoso samba que diz assim “deixa a vida me levar, vida leva eu…”. Neste caso, imagino a pessoa como um náufrago, a deriva do oceano e de suas correntes, agindo de forma reativa na maior parte do tempo, sem saber para onde vai, perdido.
No segundo caso penso em alguém que, de modo cauteloso e maduro, estabelece um propósito para sua vida e metas pessoais atreladas a este propósito. A analogia é de alguém que sabe onde quer chegar (o destino) e digita o endereço no GPS. Automaticamente o mapa se apresenta. Você pode até pegar uma via equivocada, mas por saber o destino, imediatamente a rota é refeita de modo a lhe reposicionar no caminho certo. Mas perceba, para que o caminho, o mapa, apareça, é imprescindível saber aonde quer chegar.
Seu propósito maior de vida será sua bússola. Não permitirá que se perca.
E você, qual o grande propósito de sua existência?
Um forte abraço,
Tony