Tony Loureiro

Uma Vida Com PropósitoA life purpose

Uma Vida Com PropósitoA life purpose

Propósito de vida

Nós que vivemos nos campos de concentração podemos lembrar de homens que andavam pelos alojamentos confortando a outros, dando o seu último pedaço de pão. Eles devem ter sido poucos em número, mas ofereceram prova suficiente que tudo pode ser tirado do homem, menos uma coisa: a última das liberdades humanas – escolher sua atitude em qualquer circunstância, escolher o próprio caminho”

Viktor Frankl

 

O que caracteriza uma vida com propósito? O que difere este tipo de experiência de uma vida vivida sem um conjunto de princípios que norteiam o ser humano, tanto na alegria como na dor?

Pensei muito antes de escrever este artigo e não encontrei exemplo melhor do que a experiência vivida por Viktor Frankl, um médico e psiquiatra austríaco que, em setembro de 1942, juntamente com sua mulher grávida e toda a família, por serem judeus, foram presos e deportados para campos de concentração na Alemanha Nazista.

Durante os anos de prisão, Frankl perdeu sua esposa, filho, irmão, pai e mãe no Holocausto. Foi submetido a condições degradantes e vexatórias e, ainda assim, saiu dessa situação mais forte, pronto para revolucionar a psicanálise com a criação de uma nova escola: a logoterapia.

O que o motivou a suportar todas as atrocidades pelas quais passou? O que o fez desejar sobreviver quando, reduzido a um farrapo humano, podia simplesmente ter desistido?

Frankl responde a estas perguntas em seu livro “Em busca de Sentido”. Ele encontrou uma razão para manter-se vivo e para pautar o resto de sua existência. Decidiu viver para contar ao mundo as atrocidades que se passaram nos campos de concentração, de modo a que não se repetissem.

Foi durante aqueles dias que aprendeu a importância de se ter um propósito na vida, dar a ela um significado, uma razão maior que a si mesmo.

Esta decisão mudou por completo sua experiência nos campos de concentração. Ele passou a ajudar os demais, buscou compreender a causa que está por trás do comportamento humano, se imaginou contribuindo com a humanidade após aquela tragédia.

Quando a pessoa adquire este senso de missão, passa a comandar a visão e os valores que dirigem sua vida. Passa a ter o ponto de partida básico, a partir do qual estabelece suas metas de curto e longo prazo. Pauta sua conduta a partir dos princípios corretos, de modo a servir de padrão à utilização de seu tempo, talento e energia.

Creio que todos podemos refletir sobre nossos talentos e qual seria a melhor forma de criar uma missão pessoal, pautada em princípios e valores que nos guiarão no caminho.

Afinal, há duas formas de passar por esta vida. A primeira está bem representada em um famoso samba que diz assim “deixa a vida me levar, vida leva eu…”. Neste caso, imagino a pessoa como um náufrago, a deriva do oceano e de suas correntes, agindo de forma reativa na maior parte do tempo, sem saber para onde vai, perdido.

No segundo caso penso em alguém que, de modo cauteloso e maduro, estabelece um propósito para sua vida e metas pessoais atreladas a este propósito. A analogia é de alguém que sabe onde quer chegar (o destino) e digita o endereço no GPS. Automaticamente o mapa se apresenta. Você pode até pegar uma via equivocada, mas por saber o destino, imediatamente a rota é refeita de modo a lhe reposicionar no caminho certo. Mas perceba, para que o caminho, o mapa, apareça, é imprescindível saber aonde quer chegar.

Seu propósito maior de vida será sua bússola. Não permitirá que se perca.

E você, qual o grande propósito de sua existência?

 

Um forte abraço,

Tony

 

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